Uma coisa que a gente
percebe nos filmes de terror é que um dos maiores anticenários deles são os
centros urbanos.
Explica-se:
relativamente qualquer outro lugar é usado com mais frequência pra ambientar um
filme de terror, enquanto as ‘cidades grandes’ parecem ser as últimas opções.
Nos mês passado eu
mencionei aqui em posts alternativos os cenários que parecem ser os mais comuns
pra produções de terror: as grandes construções (castelos, em grande parte), as
florestas e as ilhas. Agora somem a isso os prédios fechados, as cidades do
interior, as cavernas, as montanhas, as colônias de férias (nesse último caso,
principalmente se você tiver falando de slashers dos anos 80), os outros
planetas, as outras dimensões e por aí vai.
Mas dos centros urbanos
parece que os diretores e roteiristas fogem quando produzem uma história de
terror. Ou, pelo menos, quando se trata de uma história de terror que se passa
inteira numa ‘cidade grande’.
Há exceções, é claro. E
uma delas é o Monstro Sem Alma (1976),
que se passa basicamente nos bairros pobres de Los Angeles, infestados de
cafetões e prostitutas, mas termina com a exposição total (e fatal) do vilão
nas Watts Towers.
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O Centro de Los Angeles
também foi o palco do Predador 2
(1990), que continua a história de outro que se passava todo numa selva. E
temos que concordar que esse filme aproveita bem o cenário de concreto
oferecido pela cidade, né? O monstro ataca desde o metrô até as coberturas dos
prédios mais altos! E até os becos desertos de madrugada foram lembrados!
Aliás, foi ali que ele cercou e arrancou a cabeça de um dos maiores chefes
mafiosos da cidade...
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Quanto às histórias que
ficaram ‘meio lá, meio cá’, aí aparecem até com uma pequena frequência.
A série Sexta-Feira 13 (1980-1989), por exemplo,
se passou toda em vários cenários típicos de terror ao mesmo tempo: o centro da
trama era uma colônia de férias que ficava no meio de uma floresta ao lado de
uma fictícia cidade do interior dos Estados Unidos chamada Crystal Lake; mas o
último filme da série teve suas últimas cenas se passando no Centro de Nova
York.
Sexta-Feira 13 Parte 8 - Jason Ataca Nova York (1989) encerrou a história oficial do vilão Jason Voorhees, fazendo ele
embarcar num navio e ser transportado como clandestino até Nova York.
Aliás, o título do
filme é a maior propaganda enganosa, pois ele não ataca a cidade de Nova York
em momento nenhum da história: ao desembarcar lá, ele continua perseguindo o mesmo
grupo de pessoas que tava perseguindo desde o início da história e se limita a
isso. Ele não tá nem aí pra cidade de Nova York.
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Uma série
cinematográfica que passou pelo mesmo processo foi Poltergeist (1982-1988): os 2 primeiros filmes se passam na
fictícia cidade de Cuesta Verde, no interior da Califórnia; o último, Poltergeist III, se passa no Centro de
Chicago.
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Outra série
cinematográfica que ficou ‘no meio do caminho’ foi Terror No Pântano (2006-2013): tem várias cenas que se passam no
Centro de New Orleans, em celebrações do Mardi Gras. Mas a parte aterrorizante
mesmo dos 3 filmes da série se passa num pântano, onde vive o monstruoso Victor
Crowley.
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Claro: não vamos nos esquecer
do Rato-Humano (1988), né?rs
Tudo bem que desse
filme não se pode esperar muita coerência, pois ele dá derrapadas do início ao
fim. Mas exatamente uma dessas derrapadas faz com que uma das personagens vá
passear de noite no centro de uma cidade não identificada da República
Dominicana. Aparentemente, Santo Domingo.
E ao andar por uma rua escura
e começar a ser perseguida por um aparente ladrão, nossa heroína entra numa
casa escura pra se esconder, mas é morta por um monstrinho mutante asqueroso,
metade macaco, metade rato.
Isso não parece uma
derrapada? É. Realmente não seria, se o mutante em questão não tivesse no meio
de uma floresta da República Dominicana há poucas cenas atrás e não
reaparecesse nessa mesma floresta poucas cenas depois. E levando em conta que
ele tem poucos decímetros de altura, ele anda bem rápido da floresta pro centro
da cidade e vice-versa, né?rsrs
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Já o clássico Um Lobisomem Americano Em Londres (1981)
tem uma mudança de cenário, mas sem contradição: começa nas desoladas e
tristonhas charnecas inglesas e depois a história se desloca pro Centro de
Londres, onde se conclui.
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Bom, a conclusão à que
eu chego é que a maioria das histórias de terror pedem como palco um lugar de difícil
acesso, em que os personagens não possam receber ajuda de ninguém ou quase
ninguém. E um centro urbano é exatamente o oposto disso, né?
Mesmo assim, a gente vê
que não é impossível ambientar uma história de terror ali. Algumas até se saíram
muito bem!
Até a próxima!
2 comentários:
A dificuldade em filmar com muitos figurantes ou para fechar o local atrapalham e elevam muito o custo da produção.
Mesmo assim, filmes sobre apocalipse costumar utilizar cidades grandes como "Extermínio", "Eu Sou a Lenda" e o clássico dos anos setenta "A Última Esperança da Terra".
Abraço
Ah, claro. Isso também conta.
Mas sabia que as cenas do Jason andando pelas ruas de Nova York foram gravadas no improviso? Muita gente que tava passando ali na hora chegou a se assustar com o Jason andando entre eles.rs
Abraço também!
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