segunda-feira, 14 de novembro de 2016

BABILÔNIA

título original: Babilônia
ano de lançamento: 2015
países: Brasil / Emirados Árabes / França
elenco principal: Adriana Esteves, Camila Pitanga, Glória Pires
direção: Dennis Carvalho e Maria de Médicis
roteiro: Gilberto Braga, João Ximenes Braga e Ricardo Linhares

A novela Babilônia (que teve cenas gravadas no Brasil, Emirados Árabes e França) ficou no ar entre Março e Agosto de 2015, totalizando apenas 5 meses no ar e sendo uma das novelas com menor audiência lançadas pela Globo.
Na fala de alguns grupos pentecostais e neopentecostais radicais, a novela foi rejeitada pelo público por conter personagens homossexuais, já que o povo brasileiro é conservador e não aceita ver nada parecido com isso sendo mostrado numa novela...
Honestamente e com toda a sinceridade, essa explicação não tem o menor sentido. Várias outras novelas tiveram personagens homossexuais e não sofreram nenhuma queda de audiência por causa disso. Basta lembrar o personagem Félix da novela Amor à Vida (2013), que começou como um vilão, foi perdoado pelo público e terminou até sendo ovacionado!
O que aconteceu em Babilônia que provocou a decadência da novela é que o roteiro era ruim mesmo.
Eu admito que não vi a novela toda. Mas dentro do que eu vi e levando em conta o que li na Internet e ouvi de comentários sobre a novela, ela se limitou praticamente a mostrar as maldades recíprocas das vilãs Beatriz e Inês (interpretadas respectivamente pelas atrizes Glória Pires e Adriana Esteves), que queriam destruir uma à outra. Parece que a história não se desenvolveu muito além disso. Simplificando: não decolou.
Então, por que o ‘ataque evangélico’ contra a novela usando a homossexualidade como justificativa?
Bom, em 1º lugar, evangélicos usando a homossexualidade como justificativa pra atacar o que quer que seja não é nenhuma novidade. Converse com qualquer pentecostal ou neopentecostal que você tem 95% de chance de ouvir frases de ódio exacerbado deles contra esse assunto. Pentecostais e neopentecostais não se limitam a não concordar com a homossexualidade: eles têm uma obsessão contra a homossexualidade.
Em 2º lugar, de fato houve uma polêmica em Babilônia envolvendo a homossexualidade.
A novela tinha personagens homossexuais? Sim. Tinha um casal de gays e um casal de lésbicas. E a polêmica toda começou exatamente por causa do casal de lésbicas, que eram mulheres já de uma certa idade (interpretadas pelas atrizes Fernanda Montenegro e Nathália Timberg) e que tinham uma cena de beijo na boca logo no início da novela.
Como eu disse, casais homossexuais já tinham aparecido em novelas anteriores (inclusive com cenas de beijo na boca) e não houve nenhum grande problema por causa disso. Mas, como aqui eram mulheres mais velhas, acho que a rejeição de certas pessoas foi principalmente por causa disso. Afinal, nós nos habituamos culturalmente com aquela ideia de que mulheres mais velhas não têm vida sexual ativa. Imagine vida sexual ativa com uma pessoa do mesmo sexo!
Pode não parecer à 1ª vista, mas liberdade sexual pra mulheres na velhice é um super tabu na sociedade brasileira!
O que incomodou de fato os evangélicos em Babilônia é que a novela mostrava 2 vilões evangélicos (interpretados pelos atores Marcos Palmeira e Arlete Sales), retratados como agressivos e preconceituosos contra quem tivesse qualquer comportamento diferente do que era seguido por eles.
Ué?! Por acaso vocês nunca viram pentecostais e neopentecostais que se enquadram exatamente nessa definição?
Só acho que a novela errou num ponto: os personagens evangélicos em questão eram ricos; os pentecostais e neopentecostais que se comportam com um radicalismo tão extremo e explícito, pelo menos na maioria das vezes, são de classes mais baixas.
Mas aí é aquele problema: os pentecostais e neopentecostais acham que podem falar o que quiserem de ofensivo e também fazer o que quiserem de ofensivo contra outras religiões e outros estilos de vida, sob a justificativa de que “NÓIS TÁ PREGANDO!!!”. Mas eles tratam esse direito autoproclamado como uma via de mão única: se alguém que não é pentecostal ou neopentecostal der um pio contra a religião deles ou contra o estilo de vida deles, eles declaram guerra a essa pessoa.
Então, a novela não mostrou nenhuma mentira sobre esse assunto. O problema é que parece que teve gente que vestiu a carapuça quando viu essas cenas, né?
Bom, já que a novela foi dirigida pelo Dennis Carvalho, vale lembrar que eu já indiquei aqui outra produção dirigida por ele: Sai de Baixo (1996).
Bom, clique aqui pra ver mais informações sobre Babilônia:


E clique aí do lado em ‘seriados’ que você acha o post sobre Sai de Baixo.
Até a próxima!

2 comentários:

Hugo disse...

Não acompanho novelas, mas li na época sobre estas discussões por causa do tema.

Na vida real, a intolerância sempre existiu e infelizmente sempre vai existir. O ser humano tende a se aproximar de quem tem ideias e pensamentos semelhantes ao dele e se afastar de quem pensa diferente.

No nosso país a situação é mais confusa ainda pela total falta de educação (familiar e escolar) de grande parte da população.

Quanto as novelas, vejo como um formato totalmente desgastado. Nos EUA as "soap operas" preenchem a programação vespertina, tendo um público específico. Aqui são atrações principais dos canais abertos. Para estes canais ainda vivemos nos anos setenta, por isso cada vez mais a audiência despenca.

Abraço

Bússola do Terror disse...

Bom, se os problemas que os pentecostais e neopentecostais têm com o resto da Humanidade fossem só se afastar de quem pensa diferente deles, seria uma maravilha. Mas a questão não é essa. Eles não querem se afastar de quem pensa ou se comporta diferente deles: eles querem ficar junto dessa pessoa tentando impor a qualquer preço que a pessoa mude a sua forma de pensar e se comportar.
Eles têm uma paranoia extrema contra a Globo e passam as 24 horas do dia deles falando mal dos programas da Globo...
Oras! Eu nunca ouvi dizer que a Globo acorrenta ninguém em frente à televisão nem força ninguém a ver os programas dela. Se um evangélico não gosta de algum programa que alguém está assistindo, por que ele não levanta e sai dali?
Ou, se ele quiser ficar na sala e viu alguma cena na televisão que não está agradando, existe uma coisa chamada controle remoto. É só mudar de canal ou desligar a televisão.
Simples, né? Mas é isso que eles fazem? Não. Eles querem é ficar compulsivamente falando mal de alguma coisa, se metendo na vida dos outros e tentando forçar os outros a mudarem de opinião e de comportamento.
Eles dizem que não se pode usar a palavra ´forçar` porque, quando eles tentam nos levar pra igreja deles, eles não estão com armas apontadas pra nós. Então, não estão ´forçando` nada... Isso é pra rir, né? Se você repete a mesma coisa 50 vezes pra uma pessoa, num tom que vai ficando cada vez mais surtado conforme a pessoa vai respondendo ´´Não!`` e achando que a pessoa tem o dever e a obrigação de concordar com tudo o que você está falando, isso não é tentar ´forçar`?
Pois é. É isso que os pentecostais e neopentecostais fazem quando encontram alguém que não acredita na mesma coisa que eles ou não pensa da mesma forma que eles.
Abraço também!