segunda-feira, 17 de outubro de 2016

DEUS

título original: Deus
ano de lançamento: 2013
país: Brasil
elenco: Clarice Falcão e Rafael Infante
direção: Ian SBF
roteiro: Fábio Porchat

Uma mulher chamada Judith aparece de repente no meio de um grande espaço em branco, onde ela vê uma figura vestida com roupas típicas de povos florestais, que explica que ela morreu.
Ela pergunta quem é a figura, que responde que é Deus.
Ele explica que cada civilização acredita numa coisa diferente sobre o Divino. Alguma dessas civilizações tinha que estar certa em relação a essa crença. E a que estava certa eram os habitantes de uma tribo da Polinésia.
Deus explica que, como a Judith não seguiu à risca os dogmas que ele determinou pra tribo da Polinésia, ela está condenada a arder no infinito pelo resto da eternidade.
Ela se defende, perguntando como ela poderia saber que SÓ AQUELE era o deus certo. E Deus responde que ela não ia saber, mas estava condenada assim mesmo.
Deus deixa claro que no Céu só tem polinésios.
A Judith reclama pelo fato do caminho apresentado por Deus como o ÚNICO caminho verdadeiro não ser conhecido por quase ninguém. Mas ele responde que tem certeza de que um dia a palavra dele vai chegar a todos. Até lá, quem ainda não tiver ouvido a palavra dele que se foda.

Deus é um dos curtas-metragens do grupo Porta dos Fundos. E qualquer semelhança que a gente veja entre o deus mostrado aqui e o deus apresentado por certos grupos pentecostais e neopentecostais do Brasil (principalmente entre os de classes sociais mais baixas) não parece ser mera coincidência.
Pois é: são aqueles grupos que repetem compulsivamente que a tal da “salvação” só é possível através da igreja DELES e da interpretação que o pastor DELES faz da Bíblia, convictos de que o deus DELES só pode ser encontrado na igreja DELES.
Em outras palavras, você pode ser uma pessoa altruísta, honesta, justa, pacifista, responsável, solidária, trabalhadora, amorosa com todo mundo... Aos olhos dos grupos mencionados acima, nada disso tem valor nenhum. Se você não adorar o deus DELES, você pode ter todas essas características positivas e mais todas as outras que você vai pro Inferno assim mesmo.
Os mesmos grupos alegam que já têm uma passagem garantida pro Céu. Afinal, de acordo com eles, no Céu do deus DELES só tem quem é da igreja DELES.
Os mais tolerantes até concordam que quem não é da igreja DELES mas frequenta alguma igreja que segue o mesmo estilo que aquela ainda pode ir pro Céu. Mas o resto da Humanidade já está condenada ao Inferno desde agora.
Se alguém morreu sem ter conhecido a palavra do deus DELES, problema desse alguém. A ética do deus DELES é exatamente essa: ele cria leis que não podem ser mudadas, permite que milhões de pessoas morram ao longo dos milênios sem nunca nem terem ouvido falar nessas leis e manda todas essas pessoas pro Inferno pelo resto da eternidade só porque nunca ouviram falar nessas leis.
É um deus movido a sadismo!
Então, o filme é uma sátira sobre isso. E eu achei fantáááááááááástica!!!
Eu não sou cristão. Mas quero deixar claro que aqui não vai nenhuma crítica da minha parte contra o Protestantismo sério. Até porque eu nunca vi um luterano, um presbiteriano ou um anglicano, por exemplo, me abordando na rua pra me falar de um deus fútil, cruel e sádico. Menos ainda pra me dizer que eu tenho o dever e a obrigação de me converter à igreja A, à igreja B ou à igreja C e que só ali é que eu vou encontrar o deus verdadeiro.
Protestantes históricos, em sua maioria, conhecem o velho princípio de que respeito se conquista com respeito, né?
Certos homens histéricos que andam com ternos abotoados até o queixo e carregam 24 horas por dia uma bíblia na mão e certas mulheres histéricas que usam cabelos de 3 metros e saiões arrastando no chão e também carregam 24 horas por dia uma bíblia na mão fariam bem em aprender esse princípio, né? Mas não adianta tentar ensinar princípios básicos de civilização a quem fala frases do tipo “O PASTÔ DA MINHA INGREIJA É UMA BENÇA!!!”.
Bom, clique aqui pra ver mais informações sobre o filme:


Até a próxima!

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